Reflexões para estimular e despertar a emancipação do sujeito; contribuindo para construção do conhecimento crítico e científico na temática de saúde, educação e direitos humanos

23 de dez. de 2009

Dengue

O verão acabou de chegar e a dengue já está atancando em Raul, dessa vez a vítima é um pessoa da Vila Barbosa, e de acordo com os sintomas apresentados e o exame laboratorial confirmando plaquetopenia, leva a crer que é realmente dengue, falta apenas o exame sorológico para confirmação, portanto, muito cuidado. A fundação Oswaldo Cruz do Rio de Janeiro continua com pesquisas importantíssimas e desta vez relata a capacidade do ovo do mosquito transmissor resistir a vários tipos de ambientes e substâncias químicas. Identificados mecanismos ligados à resistência de ovos do 'Aedes aegypti' ao ressecamento A capacidade dos ovos do mosquito Aedes aegypti de permanecer em uma fortaleza por mais de um ano, aguardando por situação ambiental favorável para se desenvolver, é uma vantagem considerável para o mosquito e um grande desafio para o controle da dengue. Ovos de A. aegypti têm grande resistência à dessecação, o que permite que sobrevivam por muitos meses em ambientes secos, esperando pelo início do próximo verão, quando darão origem a novas larvas. Uma pesquisa do Instituto Oswaldo Cruz (IOC) da Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz) estudou os mecanismos genéticos e bioquímicos envolvidos nesse processo de impermeabilização e pode servir de base para o desenvolvimento de alternativas para o combate ao principal vetor da dengue. Um desdobramento fundamental da descoberta para a prevenção é muito simples: como os ovos adquirem resistência muito rápido, apenas 15 horas após a postura, isso reforça mais uma vez que a eliminação dos focos é a maneira mais eficaz de combater o vetor da dengue. Pesquisas anteriores já haviam indicado que os ovos de A. aegypti podem permanecer até um ano em condições adversas, sem contato com água, e dar origem a mosquitos, mas os mecanismos por trás desta característica não estavam esclarecidos. “Assim que depositados, os ovos passam a absorver água, aumentam de volume, desenvolvem uma casca escura e rígida e, ainda durante a embriogênese, que dura aproximadamente 60 horas, tornam-se impermeáveis, adquirindo grande resistência em ambientes pouco favoráveis, onde não existe água”, afirma o biomédico Gustavo Rezende, pesquisador visitante do Laboratório de Fisiologia e Controle de Artrópodes Vetores do IOC. Os ovos se tornam rígidos e escuros em cerca de três horas após a postura. Trabalhos anteriores, realizados no IOC, haviam mostrado que, antes das 15 primeiras horas de embriogênese, os ovos continuam perdendo água se transferidos para ambientes secos - ou seja, continuam permeáveis. “Nossa pesquisa revelou que nesse mesmo intervalo de tempo ocorre uma mudança morfológica nos ovos, com a formação de uma fina membrana, a cutícula serosa, que se desenvolve por baixo da casca envolvendo todo o embrião e provavelmente está relacionada à impermeabilização dos ovos”, conclui o pesquisador, que desenvolve o trabalho desde o doutorado no programa de pós-graduação em biologia molecular e celular do IOC. Para chegar a esse resultado, os pesquisadores aplicaram cloro, material capaz de reagir com proteínas presentes na casca e desmanchá-las, sobre a superfície de ovos em diferentes estágios de desenvolvimento. “Encontramos uma mudança estrutural importante entre os ovos com menos e com mais de 15 horas de embriogênese”, explica o pesquisador. “Aqueles com mais de 15 horas de vida apresentavam a cutícula serosa e mantiveram sua integridade, enquanto os menos desenvolvidos desmancharam-se completamente em poucos minutos em contato com o cloro”. Outra evidência do papel desempenhado pela cutícula serosa foi obtida por meio de testes fisiológicos com ovos do A. aegypti. “Transferimos ovos com pouco menos e pouco mais de 15 horas de desenvolvimento de um ambiente úmido para um seco. Observamos seu comportamento até três dias depois do fim da embriogênese e avaliamos sua viabilidade, colocando-os novamente em contato com a água”, explicou o biomédico. “Enquanto nenhum dos ovos com menos de 15 horas resistiu, todos os outros chegaram incólumes ao fim do teste e se mostraram capazes de produzir larvas”. O novo conhecimento é importante para aperfeiçoar as estratégias de combate ao mosquito. “Estudar a formação dessa cutícula é importante para compreendermos a longa resistência à dessecação apresentada pelos ovos do A. aegypti”, pondera. “Entendendo os mecanismos envolvidos nesse processo, podemos desenvolver produtos e estratégias de combate à dengue voltados especificamente para essa fase do ciclo de vida do mosquito, ainda pouco explorada como iniciativa de controle da doença”. Uma barreira impermeável de quitina e lipídeos Para entender melhor a relação entre cutícula serosa e impermeabilidade do ovo, o estudo analisou a composição bioquímica da membrana. “Nossos testes revelaram que um dos componentes dessa estrutura é a quitina, um polímero de açúcar presente no esqueleto externo dos artrópodes, como insetos e aracnídeos”, conta Gustavo. “Para chegar a esses resultados extraímos a cutícula serosa de ovos do mosquito e a analisamos com marcadores específicos para açúcares que compõem a quitina, além de realizarmos ensaios bioquímicos que quantificaram a presença de quitina nessa estrutura”. O biomédico afirma que o estudo também encontrou evidências genéticas que reforçam a relação entre a produção da cutícula serosa e a impermeabilização dos ovos. A análise genômica da serosa (camada que reveste o embrião e a partir da qual se forma a cutícula serosa), registrou a expressão de genes ligados tanto à produção de quitina quanto de uma classe de lipídeos que possui importante papel em processos de impermeabilização em plantas, animais e artrópodes. Para Gustavo, essa descoberta pode ser importante para o desenvolvimento de novas formas de controle do mosquito transmissor da dengue. “Hoje sabemos quais genes estão relacionados à produção desses lipídeos e que eles também são importantes como impermeabilizantes para o inseto adulto, que vive em ambiente seco”, argumenta. “A partir de estudos como esse, portanto, talvez seja possível desenvolver inibidores para sua atividade, que impeçam a formação dos ovos, permitam sua degradação ou ainda induzam a formação de adultos despreparados para o ambiente seco, levando a sua morte por desidratação”. Gustavo ressalta, no entanto, que a cutícula serosa pode não ser a única responsável pela impermeabilização dos ovos. “Ovos de outros mosquitos que não resistem ao seco passam por processos de formação da cutícula serosa muito similares ao do Aedes aegypti”, pondera o especialista. “Porém, apresentam diferenças no tamanho, na cor escura e na espessura de suas cascas, o que mostra que, além da cutícula serosa, outros fatores podem estar relacionados à impermeabilidade dos ovos”. Fonte: Agência Fiocruz

Um comentário:

  1. Para dengue,faça repelente caseiro com 1 litro de alcool, 1 vidro de óleo de nenê, 1 pte.de cravo da índia.Só passar uma gota nas pernas e braços e o mosquito foge do cômodo.

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