Reflexões para estimular e despertar a emancipação do sujeito; contribuindo para construção do conhecimento crítico e científico na temática de saúde, educação e direitos humanos
29 de dez. de 2009
Presidencialismo de coalisão
Já estamos perdendo a paciência, não tem outra coisa para falar? Só ouvimos falar de mensalão, de corrupção, e agora de cuecão...
"Que país é este?" São malas para cá, bolsas para lá e agora, a mais nova moda, cuecas recheadas. Que recheio é esse? Recheadas de um país sem ideal, onde o dinheiro compra sua conduta, sua posição e sua ideologia.
Então, fica muito fácil viver, fácil ser alguém, pois não depende de minhas decisões, de meu empenho, mas sim da única coisa que marca nossa soberana democracia, o comércio. Quanto vale seu voto? Ou será que ele é por quilo? De nossos colendos deputados parece ser por quilo, por quilos de ouro, de prata, pelo peso das famosas malas e cuecas.
Então perguntamos: "Qual é o seu partido?" Ou seja, a que ideologia você responde? A resposta é clara: "a das malas e cuecas..." Como crer num país com uma índole assim? Realmente não sabemos. Todos eles, nossos honrosos representantes, sabem como confiamos em seu trabalho, como esperamos que eles ajam por nós e respondam às nossas inquietações. Sempre superam nossas expectativas, mostram-se perspicazes ideólogos sem ideologia. Assim, um "PMDBebista" se torna "PTista" num piscar de olhos. E um "PDTista", por interesses partidários, filia-se ao "PSDB".
Mas as ideologias destes partidos não são distintas? O que faz com que cada um honre a sua sigla, sua legenda? Sinceramente, nada. Honra não enche malas ou cuecas.
Poucos são verdadeiros idealistas fiéis a uma linha político-administrativa. Muitos mal sabem o que suas siglas representam. Começamos, lentamente, a duvidar da índole de nossos representantes. Será que realmente buscam o bem comum? Ora, licitações são forjadas, pessoas são privilegiadas e ainda preferem acusar os oponentes em vez de apresentar suas propostas reais e seu trabalho verdadeiro.
Chamamos a atenção dos meios de comunicação. Jornais, revistas, rádios e televisões, quem de vocês se coloca realmente de forma neutra diante de tudo isso? Ou será que não acabam fazendo o mesmo jogo? Por alguns benefícios, muda-se a notícia, por outros se baixa os preços. Quanto vale sua ideologia de meio comunicativo ou ela, assim como o voto de nossos deputados, também é por quilo?
De qualquer forma, voltemos às bases. Quanto vale seu voto, caro leitor? Um quilo de arroz, uma cesta básica ou alguns litros de combustível? Se você pode vender seu voto por um preço tão baixo, porque nossos queridos deputados não podem vender os deles? A diferença é que eles são mais espertos e sabem agregar valor ao seu produto. Então, um simples "x" custa uma bagatela de 30 mil reais. E o seu "x" quanto custa?
Agora vamos mais além, vender a opinião é o mesmo que vender a honra, a fé, o ideal. Vender o voto é perder a oportunidade de tornar mais digna a democracia em que vivemos. Porém, trocamos nossos votos por bens de consumo com tanta freqüência, que se torna inútil uma eleição ou um plebiscito.
Basta dar posse a quem tiver maior poder aquisitivo e este será nosso representante. Afinal, consciência é um dom dado a poucos, e a massa de manobra mistura a um bom fermento dá um grande pão para manter a máxima pão e circo você não acha?
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