Saúde Pública e Biodiversidade ameaçadas
O
uso indiscriminado de veneno para produção de alimentos é prejudicial a saúde
humana e ambiental, embora a Comissão Especial da Câmara que analisou o Projeto
de Lei dos Agrotóxicos pense o contrário. A ideia sustentada pela bancada ruralista é abrir
espaço para “pesticidas mais modernos”; a frente parlamentar pró-veneno defende
o acesso a "novas tecnologias e mais agilidade no registro de novos
produtos" com a aprovação do texto e "considera que o País precisa
estar à frente em tecnologia e em modernização", tendo em vista que o
carro-chefe da economia do Brasil é a agricultura.
O
pacote de venenos, revoga a atual Lei de Agrotóxicos (7.802/1989) e libera o
uso indiscriminado dessas substâncias.
Imagino o uso indiscriminado por
grandes e pequenos produtores, aqueles que concentram grande poder aquisitivo, abusam
do uso e ao utilizarem indiscriminadamente, dão banho de inseticida até em
alunos nas escolas, já os pequenos que sequer conhecem a importância da
utilização de equipamentos de proteção individual para aplicação do produto, expoem-se e também aos seus entes.
Não há dúvidas que esta proposta acarretará mais veneno na comida e prejuízos ao
meio ambiente.
Quando a política não se orienta
pelo parecer técnico e científico de instituições de saúde e meio ambiente e volta-se apenas para interesses comerciais da indústria de pesticidas e
do agronegócio, certamente haverá impactos jamais visualizados. Neste jogo de forças quem perde é a socieade brasileira e todo o ecossistema, para quem deseja
a qualquer custo e preço o lucro, a vantagem capital.
Sabe-se
que crianças e adolescentes estão entre as principais vítimas dos agrotóxicos
no Brasil; embora a subnotificação dos casos possa disfarçar a realidade, possivelmente um tanto
quanto pior.
O país ao aprovar o “pacote de
veneno” fere de morte a brasileiros e brasileiras em condições de
vulnerabilidade e descumpre há 7 convenções internacionais assinadas pelas relatorias
especiais de direito a um ambiente seguro, limpo, saudável e sustentável;
direito à alimentação; substâncias perigosas; direito à saúde física e mental e
direito à água segura e saneamento; da Organização das Nações Unidas - ONU.
Os dados abaixo,
obtidos do Sistema Informação de Agravos de Notificação – SINAN, do Ministério
da Saúde, no período de 2010 a 2017, apontam aumento ano a ano das notificações
de intoxicações humanas causadas por inseticidas.Vale ressaltar que
estes eventos são aqueles considerados agudos, que procuraram os serviços de
saúde para atendimento.
Fonte: Ministério da
Saúde/SVS - Sistema de Informação de Agravos de Notificação - Sinan Net
*Dados de 2013 a 2017 atualizados em 15/01/2018, sujeitos à
revisão
|
Quem gostaria de comer mais veneno em seu pão de cada dia? Caso a resposta seja
negativa tem alguém que decidiu isto por você.
Além do potencial cancerígeno,
desregulação dos hormônios, ativação de mutações e danos ao aparelho
reprodutor, segundo estudos, os agrotóxicos também estão associados a casos de suicídios e depressão,
como não existe uma dose segura a utilização destes venenos são altamente
prejudiciais a saúde humana e a biodiversidade.
Estudos realizados na Europa, afirmam que a agricultura
intensiva e o uso de agrotóxicos estão extinguindo a população de
aves em diversos países
Uma pesquisa realizada na França revelou que com o
desaparecimento dos insetos, alimentos dos pássaros, dezenas de espécies
de aves tiveram uma redução brutal no número de indivíduos. Algumas
apresentando uma diminuição de até 1/3 nos últimos 15 anos.
Os pesquisadores consideram a situação catastrófica.
Alertam que se nada for feito, os campos do interior francês se tornarão
“desertos”.
Diversos estudos anteriores têm denunciado os
efeitos nocivos dos pesticidas sobre as abelhas.
E não é só. Pesquisadores alertam que os agrotóxicos utilizados na agricultura
também são prejudiciais para outros polinizadores, como as borboletas.
De acordo com o painel de
biodiversidade das Nações Unidas, divulgado em 2016, na Europa 9% das espécies
de abelhas e borboletas estão ameaçadas de extinção. Somente a população de
abelhas diminui 37%. Por falta de dados, a análise não pode ser feita em outros
continentes.
Em países de primeiro mundo o movimento e pressão é
para que haja um corte pela metade do uso de pesticidas, já no maior país sul
americano, o movimento é contrário e retrógrado.
Recomendações realizadas pelas comunidades científicas e acadêmicas nacionais e internacionais, além do clamor da opinião pública foram desconsiderados. Enquanto comemora-se o 2x0 sobre a Sérvia no futebol, na política o chute é uma bola fora da curva.
Recomendações realizadas pelas comunidades científicas e acadêmicas nacionais e internacionais, além do clamor da opinião pública foram desconsiderados. Enquanto comemora-se o 2x0 sobre a Sérvia no futebol, na política o chute é uma bola fora da curva.
Referências:
- https://catracalivre.com.br/geral/cidadania/indicacao/projeto-que-flexibiliza-uso-de-agrotoxicos-e-aprovado-em-comissao/
- http://contraosagrotoxicos.org/vitimas-dos-agrotoxicos-sao-25-de-criancas-e-adolescentes-portal-vermelho/
- http://contraosagrotoxicos.org/onu-se-diz-preocupada-com-pacote-do-veneno/
- https://www.chegadeagrotoxicos.org.br/
- http://www2.camara.leg.br/camaranoticias/noticias/agropecuaria/559559-comissao-especial-aprova-parecer-que-muda-legislacao-brasileira-sobre-agrotoxicos.html
- https://g1.globo.com/ciencia-e-saude/noticia/anvisa-lista-riscos-de-nove-agrotoxicos-proibidos-para-alertar-sobre-impacto-de-possivel-mudanca-em-lei.ghtml
- http://conexaoplaneta.com.br/blog/pesticidas-provocam-declinio-assustador-de-aves-na-europa/
- https://maringapost.com.br/cidade/2018/03/12/sabia-que-as-abelhas-estao-diminuindo-e-isso-afeta-nossas-vidas-projeto-da-uem-quer-conhecer-melhor-o-inseto-e-informar-melhor-a-populacao/
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