A difusão de novas competências pela BNCC: os multiletramentos e o ensino da linguagem na era de novas tecnologias
Artigo:
“A difusão de novas competências pela BNCC: os multiletramentos e o ensino da linguagem
na era das novas tecnologias”
Autor:
Cicero Nestor Pinheiro Francisco
Ao iniciar o artigo, o autor
estabelece conexões com os esforços para a promoção dos fundamentos pedagógicos
propostos pela BNCC e o reconhecimento dos multiletramentos como forma de
promover a integralidade da educação, uma vez que vivemos na era em “que todos
os aspectos da vida, incluindo as atividades cotidianas, as práticas de
trabalho e o mundo da aprendizagem, são transformados pelas tecnologias
digitais” (BARTON; LEE, 2015, p. 11-12).
Infere que para a compreensão
do que se entende por multiletramentos é necessária a compreensão do que é o
letramento e de como estes estudos situam-se em relação ao aprendizado da
linguagem.
Expressa que ainda que alguém
não domine completamente os processos de codificação e de decodificação da
escrita, ou seja, ainda que uma pessoa não seja alfabetizada, essa pessoa pode
ser considerada como alguém letrada (SOARES, 2010), neste sentido uma pessoa
que pode diferenciar uma notícia de jornal de uma piada demonstra graus de
letramento, mesmo que essa pessoa não consiga ler nenhum desses dois gêneros
textuais caso isso lhe fosse solicitado.
Desenvolve o artigo partindo
do pressuposto que é necessário uma diferenciação entre o que vem a ser a
concepção de letramentos diversos e multiletramentos.
Relata que a concepção dos multiletramentos
comunicativos foi desenvolvida para ampliar as abordagens tradicionais sobre os
letramentos que focavam, inicialmente, seus estudos em processos envolvendo
apenas textos escritos, que o Grupo Nova Londres (GNL) conceitua como “(...)
formas de linguagem formalizadas, monolíngues, monoculturais.
Fala que o GNL escolheu uma
única palavra – multiletramentos - para descrever as necessidades pedagógicas
da atualidade e defende a reflexão dos professores sobre dois aspectos do
multiletramento, sendo que o primeiro tem a ver com a crescente forma de se
fazer significados, uma vez que os aspectos textuais também estão relacionados
aos visuais, auditivos, espaciais, as formas de comunicação de massa e
multimídia, entre outros, já o segundo aspecto evidencia o incremento das
diversidades locais (valorização das mulheres, inclusão de povos indígenas,
imigrantes etc.) e sua relação de conexão com os padrões globais, onde se
reflete justamente sobre a postura pedagógica adequada para trabalhar aspectos locais
e os padrões de comunicação global, evidenciando a importância de lidar com a
crescente multiculturalidade (cultura local associada à cultura global)
intensificada pelo emprego das novas tecnologias.
Deixa claro que a Pedagogia
dos Multiletramentos visa criar condições de acesso ao pleno desenvolvimento
dos educandos com vistas à ativa participação social.
Reforça a ideia de que os
professores atuam como designers do conhecimento, ou seja, pessoas que projetam
processos e ambientes para a aprendizagem e não mais pessoas que digam o que os
outros devem fazer ou como devem pensar.
Defende o pensamento de que cada
vez mais o uso das tecnologias provoca mudança em nossa cultura, afeta o modo
como realizamos nossas atividades e, por isso, são necessárias novas
competências multiletradas como prerrogativa para a realização de atividades
cotidianas.
Explana ainda que a concepção
de multiletramentos envolve a multiplicidade de culturas e a multiplicidade de
linguagens provenientes dessas culturas (inclusive a cultura digital).
Enfatiza que o fato de a
escola possibilitar variadas práticas sociais de fomento às habilidades
multiletradas possivelmente incidirá na efetivação das práticas educacionais
propostas pelos fundamentos pedagógicos preconizados pela BNCC.
Neste contexto, ao tratar do
componente Língua Portuguesa, sugere que a BNCC visa à ampliação dos
letramentos dos alunos nos processos comunicativos, uma vez que o documento
reconhece a utilização de novas ferramentas para a efetivação da comunicação
além de destacar à necessidade de novas habilidades para que os alunos dos anos
finais do Ensino Fundamental possam lidar com estas práticas.
Outra questão importante
abordada é a valorização do diferente, proporcionando a abertura da escola às
mudanças proporcionadas pela modernidade, em detrimento das práticas fechadas e
estanques que já se viu no ambiente escolar.
Evidencia que as discussões
desenvolvidas têm como objetivo demonstrar que a linguagem ideal estabelecida
pelo uso dos multiletramentos é aquela que seja capaz de trabalhar com o novo,
com os novos processos de comunicação (novos gêneros, novas semioses etc.) sem
deixar de lado o cuidado com o respeito e com a valorização das diversas
culturas que se cruzam na construção/transmissão das mensagens.
Como caminho metodológico
explica que o estudo buscou interpretar os dados, obtidos a partir da leitura
da BNCC, à luz das teorias dos multiletramentos propostas pelo GNL, por Rojo e
Moura (2012) e demais pesquisadores, de forma a destacar as similaridades no
emprego das teorias envolvendo os conceitos de multiletramentos e de como tais
aplicações podem auxiliar na formação de uma proposta que vise capacitar os
alunos para atuar mais eficazmente nos processos comunicativos advindos do
contato com várias culturas e amplificados pelo uso das novas tecnologias.
Como resultado do estudo,
apresenta uma análise crítica partindo do pressuposto que não se pode a curto
prazo, tentar mensurar os resultados do emprego de práticas multiletradas na
escola.
Pensa que o uso de novas
tecnologias, como a internet, contribui para a expansão e compartilhamento de
informações, reduz distâncias, amplia os laços entre as pessoas, enfim, promove
mudanças que aproximam as diversas culturas.
Reflete que embora a previsão
da BNCC situa-se no modelo de ensino, os agentes das escolas públicas sabem que
há graves problemas estruturais sem a resolução dos quais, fica-se de mãos
atadas para inovar no trabalho pedagógico.
Observa que mais materiais
deveriam ser disponibilizados no site do Ministério da Educação com o intuito
de preparar os professores para atuar na educação básica visando atingir os
objetivos propostos pela BNCC.
Afirma que a prática de
utilização da linguagem requer encontros, quebra de paradigmas, sobretudo na
atual velocidade de transformação social, toda língua viva evolui, assim como
toda cultura vira se transforma; de forma contínua com vistas a melhorar as
práticas comunicativas sociais; que apenas com o devido tempo e com a contínua
aplicação dos conceitos sobre os multiletramentos é que os alunos poderão
desenhar novas formas de comunicação para uma efetiva participação social, uma
vez que a escola tenha cumprido seu papel de prepará-los para, através da
dimensão linguística, exercer as demais atividades que deles se esperam.
Por fim, destaca às
proposições da BNCC para o ensino da linguagem e traz para análise competências
necessárias para a formação dos estudantes na era de emprego das novas
tecnologias no ambiente escolar.
Reconhece que o uso de novas tecnologias incita
a prática de novas ações pedagógicas que configura a utilização de competências
relacionadas aos multiletramentos. Percebe que a BNCC mostra-se comprometida
com o desenvolvimento de competências que consigam dar conta de abarcar as
possíveis mudanças nas práticas de comunicação de uma sociedade cultural e
linguisticamente cada vez mais globalizada, através de políticas de articulação
e integração de conhecimentos usados conjuntamente para se criar uma referência
na educação nacional.
REFERÊNCIA
FRANCISCO
C N P.
A difusão de novas competências pela bncc: Os multiletramentos e o ensino da
Linguagem na era das novas tecnologias. Educação e Tecnologia para
Humanização da Escola. XVI Congresso Internacional de Tecnologia na Educação.
Pernambuco, 2018, p14.