Reflexões para estimular e despertar a emancipação do sujeito; contribuindo para construção do conhecimento crítico e científico na temática de saúde, educação e direitos humanos

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5 de jan. de 2020

Ética na atualidade


Embora não seja um pensador legitimado do campo da ética, gostaria de expor apartir de um texto, já publicado neste blog anteriormente, da autora Márcia Tiburi, sobre a ética no mundo contemporâneo. Tomo a liberdade de me basear no texto da autora e reescrevê-lo com as minhas inquietações, portanto não se trata de uma cópia, mas baseando-me em sua dissertação ouso expressar algo que tem me incomodado muito, da mesma forma, se não te incomoda pode ser que apartir destas reflexões te levem a compreender e ampliar sua visão sobre algo que enraigado no tecido social, nos permite refletir sobre as relações humanas.
A palavra ética aparece em muitos contextos de nossas vidas.  Fala-se sobre ética em tom de clamor por salvação. A esperança externalizada por alguns, reafirma, exige ou reclama sobre a falta de ética, mas nem sempre é possível o entendimento sobre o que se quer dizer, ao se gritar e reclamar da falta de ética presente no mundo contemporâneo.

Porque se exige a ética do outro? Porque se deseja tanto a ética? Baseado nestas exigências ou neste desejo o que se avançou?


A sociedade está vivendo uma dualidade entre a aspiração, o desejo pela ética e sua aplicabilidade nas relações humanas, profissionais, religiosas, políticas etc. Percebe-se que há um abismo entre o desejo e o ato de ser ou tornar-se ético. Desenvolver reflexões, pensamento crítico, postura desalienante, pró ativa, que busque não a verdade da fé ou do conhecimento do senso comum.
Desvendar esta dinâmica do comportamento individual e suas interfaces requer o entendimento sobre o que é agir com e sem ética e como mergulhar-se em ações éticas, não na ceara global, da política internacional, nacional, mas aquela ética que permeia o convívio social, seja de grupos de trabalho, condomínio, igreja, escola e diversos outros.
Observa-se nas redes sociais, diversas manifestações hora de repúdio, hora de apoio a este ou aquele ataque terrorista, a este ou aquele movimento, conforme agenda e circunstância, mas a ética que invoco nestas linhas está além da mera indignação moral motivada por emoções instantâneas, que tantos acham magnífico compartilhar, publicar, twittar. O ato de expressar seu pensamento, sua emoção, vai além da publicação em si, demonstra o quão sensível ou insensível é aquele que compartilha um post, publica ou twitta.
Mas uma indignação de rede social, não basta! Emoções fortuitas em relação à política, a religião, a desastres, à miséria ou à violência passam, até o próximo fenômeno chegar e efervescer nova comoção social e então tudo continua como dantes.

O próximo passo deve ser dado, persistir na indignação e comoção e resignificá-la, de modo que emoções indignadas se transformem em sensibilidade elaborada, que sustente ações boas e justas (objetivo de qualquer ética).


O que é preciso para que a sociedade se aproprie deste conceito ou compreenda o sentido comum da reivindicação ética, ainda não é conhecido, mas percebe-se que, falta a esta sociedade capitalista o diálogo, a capacidade de expor e ouvir o que pode ser ética.
Desejar a ética, mas sem diálogo é impossível, como resultado tem-se o que hoje se considera como o triunfo da ignorância e intolerância, legitimado apartir do politicamente correto, consagrado nas redes pelas fakenews.
O culto propagado ao não intelectualismo, tem levado o pensamento coletivo a cultuar a irracionalidade, a desvalorização da ciência, mas me pergunto:

— Quem está preocupado no cenário atual a entender do que se trata? Que fenômeno mais desumano é este que domina o pensamento coletivo? Alguém está preocupado em discutir ética para além dos códigos de ética profissional?


A sociedade brasileira, com toda a sua construção coletiva, tem a ética como princípio além de um mero parágrafo garantido na constituição?
Por não compreender o que fundamenta a ética, seu significado estrutural para cada sujeito e para a sociedade como um todo, perde-se no horizonte a possibilidade de realização.
A ética não é uma escolha de vida, a todo momento deixa-se a ética bailar pela vida, pois se quer se sabe que ela está a bater e até mesmo dançar em nossa porta existencial; mas se ainda assim você se pergunta ou suscita no fundo de sua existência o que fazer para ser ético, está cometendo também um erro, pois ser ético não é uma mera condição ou um momento, torna-se um exercício, um modo de comportamento, de decisão sobre o convívio e o modo de compartilhar valores, a liberdade e a própria existência.
A ética pauta e dá sentido à convivência e supera o já conhecido e importante respeito ao limite próprio e alheio. Como a ética diz respeito à relação entre um “eu” e um “tu”, ela envolve pensar o outro, o seu lugar, o seu lugar de fala, sua vida, sua potencialidade, seus direitos, como eu o vejo e como posso defendê-lo.

Portanto só é ético aquele que enfrenta o limite da própria ação, da racionalidade que a sustenta e da luta pela construção de uma sensibilidade que possa dar sentido à “felicidade política”, ou seja, uma vida justa e boa no universo público.


A felicidade na vida privada – que hoje também se tornou debate em torno do qual cresce a ignorância, depende de uma compreensão ética de mundo.
O que o mundo, a América Latina e mais especificamente o Brasil está vivendo, requer um resgate de ressignificação ética como um trabalho de lucidez, quanto ao que está se fazendo com o presente, sobretudo, com o que nele está sendo plantado, pois novos rumos estão sendo definidos para o futuro.
A renovação da capacidade de diálogo e retomada de um projeto de sociedade no qual o bem de todos esteja realmente em vista deveria ser a agenda do dia.

*Texto baseado em Márcia Tiburi. Publicado no Jornal O Estado de Minas, Domingo, 22 de abril de 2007 Retirado do Blog:http://omundocomoelee.blogs pot.com/2009/12/o-que-e-etica-hoje.html
https://fabianoenfermeiro.blogspot.com/2009/12/reflexao-sobre-etica-na-atualidade.html