Esquistossomose no Distrito Federal
Hoje iremos falar de uma das doenças
infecciosas e parasitárias que acomete pessoas e pode evoluir sem nenhum
sintoma, silenciosamente, ou até mesmo, apresentar-se de forma extremamente
grave. Para refletirmos sobre a problemática que nos rodeia, é necessário a caraterização
do cenário de possível transmissão.
Recursos hídricos
O Distrito Federal localiza-se em uma
região de terras altas, no centro do país, que servem
como dispersores das drenagens que fluem
para três importantes bacias fluviais do Brasil: Prata, Amazônica -Tocantins e São Francisco. As principais bacias do Distrito Federal – Rio Preto,
Rio São Bartolomeu, Rio Descoberto e Rio Maranhão; drenam 95% das águas do território da região; sendo
que o restante cabe as bacias do Rio Corumbá e Rio São Marcos.
O conhecimento ainda incipiente das
condições reais das bacias, prejudicam o planejamento, o desenvolvimento de
ações de fiscalização, preservação e recuperação de corpos hídricos do DF. Sabe-se
que os corpos hídricos sofrem agressões pela proximidade de setores
habitacionais, comerciais e áreas destinadas à agricultura, dentre as quais destaco
o esgoto industrial e doméstico.
Saneamento básico
Segundo dados de acesso a rede de esgoto,
divulgados pela Agência Nacional das Águas-ANA, o Distrito Federal é a única
unidade da Federação que trata todo o esgoto que é coletado, ou seja, tudo o que
se capta, passa por uma processo de purificação, devolvendo a água para o
ambiente menos poluída, o que não é captado representa um percentual de
exclusão de 17% da população, esta constatação leva a supor, que milhares de
pessoas são obrigadas a conviver com fossas sépticas ou com esgoto a céu aberto.
Para a Companhia de Saneamento Ambiental do Distrito Federal-
CAESB a carga orgânica que o DF deixa de coletar corresponde a 4,5mil
toneladas de esgoto a céu aberto ou em fossas não declaradas por ano.
Doenças Relacionadas ao Saneamento Ambiental Inadequado – DRSAI
Sabe-se que o destino inadequado de
dejetos humanos causa diversos tipos de doenças, sendo o seu controle afetado
diretamente pelo Saneamento Ambiental Inadequado, dentre as quais: ancilostomíase,
ascaridíase, amebíase, coléra, diarreia infecciosa, disenteria bacilar,
estrongiloidíase, febre tifoide, febre paratifoide, salmonelose, cisticercose,
teníase e esquistossomose.
Dentre as doenças supracitadas, destaco a
esquistossomose, doença endêmica, que nas Américas afeta principalmente o
Brasíl, atinge 19 unidades federativas, principalmente do nordeste, embora
tenha alta prevalência em Minas Gerais.
Manutenção de transmissão da doença
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Os dejetos humanos lançados diretamente
nos corpos hídricos, constituem-se de elementos ou microorganismos nocivos à
saúde humana, por exemplo, se uma residência que lança esgoto diretamente num
córrego, rio ou a céu aberto, tiver uma pessoa infectada pela “xistose”, esta
contaminação pode resultar no ambiente perfeito para instalação de um foco de
transmissão da doença, pois esta pessoa estará eliminando no ambiente ovos
deste parasito; o que pode resultar
no aumento da
incidência de esquistossomose e ou outras doenças e
reduzir a expectativa e qualidade
de vida.
Considerando que os locais com baixa
cobertura de saneamento são ocupados por pessoas de baixo nível socioeconômico,
em maior concentração, supõem-se que estas localidades contribuem
favoravelmente para possível
estabelecimento de foco isolado de transmissão, tendo em vista possíveis
condições precárias de higiene e habitação, potencializada pelos movimentos
migratórios, de caráter transitório ou permanente, de pessoas oriundas de áreas
endêmicas de esquistossomose.
Supõe-se que estas localidades contribuem favoravelmente para possível
estabelecimento de foco isolado de transmissão!
Caramujos de importância para a Saúde Pública
Estudos da fauna malacológica do Distrito Federal,
realizada em 1978, identificaram a presença das espécies de importância
epidemiológica para a manutenção do ciclo de transmissão da esquistossomose, ou
seja, as
coleções hídricas de água doce do Distrito Federal, são habitat do caramujo
vetor, muito embora, não tenha identificado estudos recentes que corroborem com
estes achados. Os “caramujos” podem ser encontrados em diferentes coleções hídricas,
tais como: açudes, alagados, brejos, córregos, lagoas, lagos, valas de esgotos
ou drenagem, riachos, rios e áreas de irrigação.
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Two Asian Freshwater Snails Newly Introduced into South Africa and an Analysis of Alien Species Reported to Date - Scientific Figure on ResearchGate. Available from: https://www.researchgate.net/Shell-of-Biomphalaria-glabrata-collected-in-Durban-in-the-1980s-photos-C-Appleton_fig5_271198932 [accessed 4 Nov, 2018] |
O verme causador da esquistossomose é um parasita
que necessita, da participação de caramujos de água doce, do gênero
Biomphalaria, para completar seu ciclo vital, ao parasitar o homem, irá viver nos
vasos sanguíneos do intestino e fígado, eliminando ovos no ambiente. As pessoas
parasitadas podem continuar eliminando ovos viáveis do S. mansoni em média por
cinco, podendo chegar até mais de vinte anos.
Doença incapacitante
"Para a Organização Mundial da Saúde (OMS),
as consequências da esquistossomose para a saúde humana vão além dos danos
físicos causados ao indivíduo, pois, o impacto da patologia reflete diretamente
em sua qualidade de vida, sendo possível mensurar estes danos através dos anos de vida perdidos, ajustados por
incapacidades, parâmetro mais conhecido como DALYs (Disability-adjusted life
years)".
O papel da Atenção Básica na prevenção e
controle da doença
Destaca-se a importância das ações da
Atenção Básica a Saúde, por meio da Estratégia Saúde da Família, para
suspeição, notificação, investigação, conjuntamente com a Vigilância em Saúde, tratamento
dos casos e acompanhamento do paciente após a alta, para controle de cura ou
detecção de complicações advindas da doença. A facilidade de acesso da
população aos profissionais que integram a equipe de saúde e a construção de
vínculos, permitem uma interação que vai além da dicotomia médico paciente, é
uma relação de afeto, de confiança, onde o cuidado vai além da visão meramente
curativa, o olhar voltado para o território
e para a dinâmica da determinação social da doença, torna-se fator preponderante
e condicionante, para identificar uma doença silenciosa, que por anos a fio, vai
definhando seu hospedeiro e se perpetuando, contaminando e se multiplicando
latentemente no meio ambiente.
REFERÊNCIAS
1. ANUÁRIO
DO DF.Geografia - Cerrado: belezas que geram riquezas. Disponível em: <http://www.anuariododf.c om.br/radiografia-do-df/geografia/>.
Acesso em: 01/11/2018.
2. BRASIL. Ministério da Saúde.
Vigilância e controle de moluscos de importância epidemiológica. Diretrizes
técnicas: Programa de Vigilância e Controle da Esquistossomose (PCE) /
Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde, Departamento de
Vigilância Epidemiológica.– 2. ed. – Brasília: Editora do Ministério da Saúde,
2008.178 p.: il. color. – (Série A. Normas e Manuais Técnicos). Disponível em:
.
Acesso em 03/11/2018.
3. COIMBRA
JR., C E A. Suscetibilidade à infecção pelo Schistosoma mansoni, de Biomphalaria
glabrata e Biomphalaria tenagophila do Distrito Federal, Brasil. Revista de
Saúde Pública, São Paulo, v. 15, n. 5, p. 485-489, out. 1981. Disponível em: . Acesso em: 02/11/2018.
4. GOMES,
E C S. Esquistossomose: manejo clínico e epidemiológico na atenção básica /
Elainne C. S. Gomes, Ana Lúcia C. Domingues, Constança S. Barbosa. - Recife:
Fiocruz Pernambuco, 2017. 144 p.
5. IBRAM.
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Acesso em: 01/11/2018.
6. KATZ
N. Inquérito Nacional de Prevalência da Esquistossomose mansoni e
Geo-helmintoses/Naftale Katz. – Belo Horizonte: CPqRR, 2018.
7. NETO
M D A. Breves notas sobre rios e redes hidrográficas do Distrito Federal. Disponível
em:<http://www.ihgdf.com.br/breves-notas-sobre-rios-e-redes-hidrograficas-do-distrito-fede
ral/>. Acesso em: 01/11/2018.
8. SITE G1. Distrito
Federal trata todo o esgoto coletado, mas deixa 17% da população a margem do
sistema, diz estudo. Disponível em: . G1 DF 28/09/2017 08h40. Acesso em
01/011/2018.
9. SITE
G1. Negligenciada, esquistossomose tem transmissão descontrolada no MA. .
Acesso em 02/11/2018.