Reflexões para estimular e despertar a emancipação do sujeito; contribuindo para construção do conhecimento crítico e científico na temática de saúde, educação e direitos humanos

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4 de out. de 2019

Relações afetivas

Estimular a leitura através de relações afetivas 

“Formação de leitores: a dimensão afetiva na mediação da família”
AUTOR: Isabela Ramalho Orlando e Sérgio Antônio da Silva Leite

INTRODUÇÃO

O estudo tem como objetivo descrever e analisar a dimensão afetiva nas situações de mediação entre o sujeito e as práticas de leitura literária, enfatizando os processos de mediação ocorridos no ambiente familiar. Parte da premissa que a mediação realizada pela família poderá ser um fator fundante para a constituição do indivíduo como leitor autônomo.
AFETIVIDADE

A afetividade é um conceito amplo, ocorre por meio da apropriação da cultura pelo indivíduo, principalmente através das relações interpessoais; são as trocas e construções estabelecidas na interação com o “outro” que permitem ao indivíduo caracterizar- -se como um sujeito único, com base na construção de um universo simbólico pessoal.
Vygotsky (1998) considera que o indivíduo se apropria dos elementos da cultura através das interações sociais e que sua relação com o mundo ocorre por meio da intervenção de sistemas simbólicos, sendo que a fala desempenha um papel fundamental nesse processo, quando se interioriza e passa a constituir o pensamento verbal.
O autor se baseia nos conceitos elaborados por Wallon, que diferencia os conceitos de afetividade e de emoção: afetividade refere-se a um conjunto amplo de manifestações que envolvem emoções (origem biológica) e sentimentos (origem psicológica); desenvolve-se através da apropriação dos sistemas simbólicos culturais.
As relações que se estabelecem entre sujeito e objeto são também afetivas, ou seja, não se reduzem apenas à dimensão cognitiva. Portanto, tais relações provocam, no sujeito, impactos afetivos internos e subjetivos, positivos ou negativos, dependendo da qualidade da relação vivenciada.

LEITURA

A leitura literária é uma prática cultural que pode ser considerada fundamental para a plena inserção do indivíduo na sociedade, uma vez que lhe possibilita acesso aos bens culturais, aprimoramento de sua condição pessoal e de sua compreensão da realidade para nela intervir (Grotta, 2000).
busca mapear os costumes e as práticas de leitura, levando em consideração a relação do leitor com sua comunidade e seu momento histórico.
Expressa o pensamento de que as ideias descritas por Freire, Chartier, Petit e Certeau, permitem a percepção de que a leitura possibilita ao sujeito dialogar com as ideias do autor e, assim, revisar e aprimorar suas ideias e valores, ampliando seu universo pessoal. Pode-se supor que tais processos estão fortemente presentes no caso da leitura literária.

RESULTADOS

Nesta pesquisa, os Núcleos Temáticos indicam os aspectos relacionados às dimensões afetivas identificadas nas experiências de leitura literária relatadas pelos sujeitos, com ênfase no ambiente familiar. A etapa final da organização desses dados, realizada exclusivamente pelos pesquisadores, foi a construção de uma matriz única, a partir das matrizes com as falas dos três sujeitos, respectivamente. Essa matriz final aborda os seguintes Núcleos Temáticos, comuns no processo de constituição de leitor dos três sujeitos: Vivências de leitura; Práticas de leitura na escola; Papel da Família; Papel dos Amigos; O Namorado; Acesso aos livros; O impacto da leitura.

MEDIAÇÃO DA FAMÍLIA

Os relatos dos três sujeitos mostram que os familiares foram mediadores de grande impacto. A contação de histórias na infância, geralmente realizada pela mãe ou pelo pai, é carregada de marcas afetivas positivas e são as primeiras lembranças dos sujeitos em relação à leitura.
Os sujeitos relatam que, ao longo de suas vidas, tiveram suporte dos familiares que garantiu o acesso aos livros. Esse suporte se deu de diversas formas: empréstimo de livros de coleções particulares; compra de livros e gibis, muitas vezes em sebos, por terem preços mais acessíveis; visitas a feiras de livros. Eles ressaltam que, desde a infância, tinham acesso aos livros que havia em suas casas, além de permissão para manuseá-los e lê-los. Essa facilidade foi, do ponto de vista dos sujeitos, determinante para que estabelecessem vínculos positivos com esse material.

OUTROS MEDIADORES IDENTIFICADOS

As práticas de leitura na escola tiveram diferentes impactos ao longo da vida dos sujeitos: muitas vezes o material lido era considerado desinteressante pelos sujeitos ou eles desmotivavam-se em razão das atividades avaliativas propostas.
Pode-se observar, nos três relatos, a influência que o professor de literatura do Ensino Médio exerceu na constituição dos sujeitos como leitores autônomos. Seus professores de literatura foram responsáveis por guiar a transição da adolescência para a vida adulta, e orientar os sujeitos.

DISCUSSÃO

A autora buscou investigar o processo de constituição do leitor literário, destacando o papel da família nesse processo e tendo como base os estudos acerca do desenvolvimento humano de Wallon e Vygotsky.
Cada um dos participantes da pesquisa trouxe uma história singular de envolvimento com a leitura. No entanto, foi possível agrupar aspectos comuns do processo de formação de leitor desses sujeitos, especialmente sobre a mediação realizada pelos familiares, e, dessa maneira, foi possível elaborar considerações sobre a importância dos conteúdos afetivos das mediações vivenciadas pelo sujeito para sua constituição como leitor autônomo.
O movimento de aproximação desses sujeitos com as práticas sociais de leitura foi, certamente, determinado por esses conteúdos afetivos positivos, presentes em cada mediação descrita por eles.
A afetividade desenvolve-se ao longo da vida, sendo que esse processo está relacionado às conquistas no plano cognitivo; ao mesmo tempo, o desenvolvimento cognitivo depende dos vínculos afetivos. A aquisição de novas estratégias de comunicação permite formas mais complexas de manifestações afetivas, como o diálogo, o respeito e a atenção
Vygotsky (1998) destaca que, através da imitação, as crianças podem executar ações que estão além de suas capacidades, de modo que imitar configura-se como parte importante do processo de desenvolvimento do sujeito. Portanto, mesmo ações que não eram dirigidas aos sujeitos, como a rotina e hábitos de leitura dos pais, influenciaram, ainda que de forma indireta, na relação que os sujeitos estabeleceram com a leitura literária.
Segundo Wallon (2002/2007), no desenvolvimento humano, cognição e afetividade são complementares. O relato descrito no parágrafo anterior exemplifica essa complementaridade entre cognição e afetividade.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

No ambiente familiar, os sujeitos iniciaram seu contato não só com a prática da leitura, mas também com a leitura do mundo. Assim, durante a infância, os familiares foram os principais responsáveis por mediar o contato entre o sujeito e a cultura e foi nesse período que os sujeitos vivenciaram suas primeiras experiências de leitura, as quais imprimiram fortes impactos afetivos nas relações que se estabeleceram entre eles e esta prática cultural.
Os conteúdos afetivos dessas experiências, tais como proximidade física, carinho, atenção, prazer e respeito, são internalizados e associados à prática da leitura.
Em síntese, defende-se que a constituição do sujeito como leitor é um processo socialmente construído, determinado pela história concreta de mediações vivenciadas por ele, nos diversos ambientes, onde se desataca o da família, que pode representar uma instância de enorme poder formativo (Leite, 2011).
Aponta que novos estudos devem ser realizados, buscando-se detalhar os processos de mediação vivenciados por leitores autônomos, não só na família, mas nas demais instâncias sociais.

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

ORLANDO IR, LEITE SAS. Formação de leitores: a dimensão afetiva na mediação da família. Psicol. Esc. Educ. vol.22 no.3 Maringá Set/Dez de 2018. Disponível em: Acesso em: 22/09/2019.

22 de set. de 2019

Didática

Retrospectiva histórica da didática 

     A autora inicia o livro refletindo sobre o período considerado os primórdios da didática que vai de 1549 a 1930, há uma participação predominante dos jesuítas, na educação brasileira, que perdurou por 210 anos, compreendendo o período de 1549 a 1759. Período marcado por uma ação pedagógica dogmática e contra o pensamento crítico.  O papel da didática centrava-se no aspecto formal e tinha como base o intelecto; o conhecimento marcado pela visão essencialista de homem.
     Se a prática Jesuíta já era retrógrada, a reforma Pombalina instituída após a expulsão dos Jesuítas, resultou em retrocesso pedagógico que resultou em movimentos a partir de 1870 que irão buscar a disseminação de uma visão burguesa de sociedade e de mundo apartir da escola.

https://www.youtube.com/watch?v=MQsQalo7m-Q
    Observa que o período de 1930 a 1945 foi marcado pelo equilíbrio entre a corrente educacional tradicional e a moderna. A didática passou a se basear em um conjunto de ideias e métodos que valorizavam o aspecto técnico e cientifico ao mesmo tempo que ignorava o contexto sociopolítico.
     A partir do golpe dos militares, que implantou a ditadura no Brasil, no ano de 1964, afirma que a didática assume um papel tecnicista, que acentua a desvinculação de teoria e prática.
     O processo de ensino e aprendizagem é direcionado para o alcance de metas. Surge apartir de 1979 a concepção dialética ou crítica em que a didática tem o papel de clarificar o contexto sociopolítico da educação e ensino, como espaço de negação hegemônica. A década de 90 retrocede para a execução acrítica de tarefas, já no século XXI a didática é concebida como prática social de ensino e aprendizagem.
        Neste contexto o planejamento pedagógico é concebido como organização da ação pedagógica intencional de diferentes pontos de vista, de curiosidade científica, de investigação atenta da realidade, não aceitando os conteúdos curriculares como conhecimentos perfeitos e acabados; essencial ao processo de ensino e aprendizagem para ampliar os conhecimentos, propiciar oportunidades e buscar novos conhecimentos.
      Reflete que o planejamento participativo em que a escola busca a integração com a realidade histórico social; surge como alternativa ao ato de planejar o ensino primado pelo relacionamento entre teoria e prática; baseia-se na ação de planejar com a participação ativa de todos os elementos envolvidos no processo, priorizando a busca da unidade entre teoria e prática a partir da realidade do aluno, escola e contexto social, além de voltar-se para o alcance amplo da educação.
     Como professor, vejo o processo de planejamento como um desafio, para contrapor o modelo já padronizado institucionalmente, que baseia o processo de ensino e aprendizagem na lógica mercadológica e tecnicista, que transcenda o mecanicismo e considere as relações da escola com o território e a comunidade.
     A proximidade efetiva é fator que contribui para melhorar a percepção de bom professor. Além disso, a maneira como o professor se relaciona com sua área de conhecimento, bem como sua percepção de ciência e produção de conhecimento.
     A metodologia também é fator associado a evolução da relação professor- aluno. Quando o professor acredita nas potencialidades do aluno, que se preocupa com sua aprendizagem, com seu nível satisfação, exerce práticas em sala de acordo com esta posição. Neste sentido o bom professor é aquele que domina o conteúdo, apresenta formas adequadas de mostrar a matéria é ter bom relacionamento com o grupo.
     O professor não é uma construção do seu ambiente escolar, mas sim uma construção histórica de sua vida nos aspectos de relações sociais familiares; crenças, valores, preferências etc, sua prática e saber é resultante da apropriação que ele mesmo fez da prática e dos saberes históricos sociais. Enfim a postura pedagógica do professor reflete o seu papel social fruto de sua identidade que também é produto da relação indivíduo sociedade.
     Portanto ser professor e ser aluno extrapola a relação de ensinar e aprender os conteúdos de ensino, deve-se ter consciência de um processo de protagonismo discente e o professor é um ator que não pode ser “engolido pela escola”. Sempre desejei, desde a graduação, me apropriar de ferramentas educacionais, porém a licenciatura sempre foi algo distante para mim.
     O contato com esta disciplina está retirando literalmente dos meus olhos diversas vendas, que ainda insistem em estar por aqui e me distanciam da verdade, do conhecimento crítico. Gostei muito da proposta de metodologias ativas, de refletir e conhecer um pouco mais sobre o meio ou a maneira de como construir o processo de aprendizagem. Neste processo considero que estou em construção, um exercício de tolerância em um ambiente que ao mesmo tempo que deseja conhecimento e promove o conhecimento, ecoa intolerância, desrespeito e tradicionalismo.
     Confesso que este ambiente, o da sala, também é um grande aprendizado, até aqui, não me ocorreu desistir como outros colegas, até porque  sei o que desejo e quantos sonhos ainda tenho por realizar mais a disciplina, mas infelizmente fatores externos e diria até mesmo físicos e mentais, resultantes da jornada de trabalho compromete, muitas vezes, um envolvimento mais intenso, embora o desejo e a vontade  de aprender estejam  sempre ativos.

Referência:
VEIGA. I P A. Repensando a didática. Campinas 25ª Edição. Papirus


9 de set. de 2019

Didática

Didática, empoderamento, emancipação e subjetividades

Retrospectiva histórica crítica da didática, aprendendo a aprender!


A autora inicia o livro refletindo sobre o período considerado os primórdios da didática que vai de 1549 a 1930, há uma participação predominante dos jesuítas, na educação brasileira, que perdurou por 210 anos, compreendendo o período de 1549 a 1759. Período marcado por uma ação pedagógica dogmática e contra o pensamento crítico.  O papel da didática centrava-se no aspecto formal e tinha como base o intelecto; o conhecimento marcado pela visão essencialista de homem.

https://projetopaideia.files.wordpress.com/2016/10/didc3a1tica.gif
Se a prática Jesuíta já era retrógrada, a reforma Pombalina instituída após a expulsão dos Jesuítas, resultou em retrocesso pedagógico que resultou em movimentos a partir de 1870 que irão buscar a disseminação de uma visão burguesa de sociedade e de mundo a partir da escola.

Observa que o período de 1930 a 1945 foi marcado pelo equilíbrio entre a corrente educacional tradicional e a moderna. A didática passou a se basear em um conjunto de ideias e métodos que valorizavam o aspecto técnico e cientifico ao mesmo tempo que ignorava o contexto sociopolítico.

A partir do golpe dos militares, que implantou a ditadura no Brasil, no ano de 1964, afirma que a didática assume um papel tecnicista, que acentua a desvinculação de teoria e prática. O processo de ensino e aprendizagem é direcionado para o alcance de metas. Surge apartir de 1979 a concepção dialética ou crítica em que a didática tem o papel de clarificar o contexto sociopolítico da educação e ensino, como espaço de negação hegemônica. A década de 90 retrocede para a execução acrítica de tarefas, já no século XXI a didática é concebida como prática social de ensino e aprendizagem.

Neste contexto o planejamento pedagógico é concebido como organização da ação pedagógica intencional de diferentes pontos de vista, de curiosidade científica, de investigação atenta da realidade, não aceitando os conteúdos curriculares como conhecimentos perfeitos e acabados; essencial ao processo de ensino e aprendizagem para ampliar os conhecimentos, propiciar oportunidades e buscar novos conhecimentos.

Reflete que o planejamento participativo em que a escola busca a integração com a realidade histórico social; surge como alternativa ao ato de planejar o ensino primado pelo relacionamento entre teoria e prática; baseia-se na ação de planejar com a participação ativa de todos os elementos envolvidos no processo, priorizando a busca da unidade entre teoria e prática a partir da realidade do aluno, escola e contexto social, além de voltar-se para o alcance amplo da educação.

Como professor, vejo o processo de planejamento como um desafio, para contrapor o modelo já padronizado institucionalmente que baseia o processo de ensino e aprendizagem na lógica mercadológica e tecnicista, que transcenda o mecanicismo e considere as relações da escola com o território e a comunidade.

A proximidade efetiva é fator que contribui para melhorar a percepção de bom professor. Além disso, a maneira como o professor se relaciona com sua área de conhecimento, bem como sua percepção de ciência e produção de conhecimento.

A metodologia também é fator associado a evolução da relação professor-aluno. Quando o professor acredita nas potencialidades do aluno, que se preocupa com sua aprendizagem, com seu nível satisfação, exerce práticas em sala de acordo com esta posição. Neste sentido o bom professor é aquele que domina o conteúdo, apresenta formas adequadas de mostrar a matéria e tem bom relacionamento com o grupo.

O professor não é uma construção do seu ambiente escolar, mas sim uma construção histórica de sua vida nos aspectos de relações sociais familiares; crenças, valores, preferências etc, sua prática e saber é resultante da apropriação que ele mesmo fez da prática e dos saberes históricos sociais. Enfim a postura pedagógica do professor reflete o seu papel social fruto de sua identidade que também é produto da relação indivíduo sociedade.

Portanto ser professor e ser aluno extrapola a relação de ensinar e aprender os conteúdos de ensino, deve-se ter consciência de um processo de protagonismo discente e o professor é um ator que não pode ser “engolido pela escola”.
Sempre desejei, desde a graduação, me apropriar de ferramentas educacionais, porém a licenciatura sempre foi algo distante para mim.

O contato com esta disciplina está retirando literalmente dos meus olhos diversas vendas, que ainda insistem em estar por aqui e me distanciam da verdade, do conhecimento crítico.
Gostei muito da proposta de metodologias ativas, de refletir e conhecer um pouco mais sobre o meio ou a maneira de como construir o processo de aprendizagem. Neste processo considero que estou em construção, um exercício de tolerância em um ambiente que ao mesmo tempo que deseja conhecimento e promove o conhecimento, ecoa intolerância, desrespeito e tradicionalismo.

Confesso que este ambiente, o da sala também é um grande aprendizado, até aqui, não me ocorreu desistir como outros colegas, até porque  sei o que desejo e quantos sonhos ainda tenho por realizar mais a disciplina, mas infelizmente fatores externos e diria até mesmo físicos e mentais, resultantes da jornada de trabalho compromete, muitas vezes, um envolvimento mais intenso, embora o desejo e a vontade  de aprender estejam  sempre ativos.

VEIGA. I P A. Repensando a didática. Campinas 25ª Edição. Papirus