A autora inicia o livro refletindo sobre o período
considerado os primórdios da didática que vai de 1549 a 1930, há uma
participação predominante dos jesuítas, na educação brasileira, que perdurou
por 210 anos, compreendendo o período de 1549 a 1759. Período marcado por uma
ação pedagógica dogmática e contra o pensamento crítico.
O papel da didática centrava-se no aspecto
formal e tinha como base o intelecto; o conhecimento marcado pela visão
essencialista de homem.
Se a prática Jesuíta já era retrógrada, a reforma Pombalina
instituída após a expulsão dos Jesuítas, resultou em retrocesso pedagógico que
resultou em movimentos a partir de 1870 que irão buscar a disseminação de uma
visão burguesa de sociedade e de mundo apartir da escola.
Observa que o período de 1930 a 1945 foi marcado pelo
equilíbrio entre a corrente educacional tradicional e a moderna. A didática
passou a se basear em um conjunto de ideias e métodos que valorizavam o aspecto
técnico e cientifico ao mesmo tempo que ignorava o contexto sociopolítico.
A partir do golpe dos militares, que implantou a ditadura no
Brasil, no ano de 1964, afirma que a didática assume um papel tecnicista, que acentua
a desvinculação de teoria e prática.
O processo de ensino e aprendizagem é
direcionado para o alcance de metas. Surge apartir de 1979 a concepção
dialética ou crítica em que a didática tem o papel de clarificar o contexto
sociopolítico da educação e ensino, como espaço de negação hegemônica. A década
de 90 retrocede para a execução acrítica de tarefas, já no século XXI a
didática é concebida como prática social de ensino e aprendizagem.
Neste contexto o planejamento pedagógico é concebido como
organização da ação pedagógica intencional de diferentes pontos de vista, de
curiosidade científica, de investigação atenta da realidade, não aceitando os conteúdos
curriculares como conhecimentos perfeitos e acabados; essencial ao processo de ensino
e aprendizagem para ampliar os conhecimentos, propiciar oportunidades e buscar
novos conhecimentos.
Reflete que o planejamento participativo em que a escola busca
a integração com a realidade histórico social; surge como alternativa ao ato de
planejar o ensino primado pelo relacionamento entre teoria e prática; baseia-se
na ação de planejar com a participação ativa de todos os elementos envolvidos
no processo, priorizando a busca da unidade entre teoria e prática a partir da
realidade do aluno, escola e contexto social, além de voltar-se para o alcance
amplo da educação.
Como professor, vejo o processo de planejamento como um
desafio, para contrapor o modelo já padronizado institucionalmente, que baseia
o processo de ensino e aprendizagem na lógica mercadológica e tecnicista, que
transcenda o mecanicismo e considere as relações da escola com o território e a
comunidade.
A proximidade efetiva é fator que contribui para melhorar a
percepção de bom professor. Além disso, a maneira como o professor se relaciona
com sua área de conhecimento, bem como sua percepção de ciência e produção de
conhecimento.
A metodologia também é fator associado a evolução da relação
professor- aluno. Quando o professor acredita nas potencialidades do aluno, que
se preocupa com sua aprendizagem, com seu nível satisfação, exerce práticas em
sala de acordo com esta posição. Neste sentido o bom professor é aquele que
domina o conteúdo, apresenta formas adequadas de mostrar a matéria é ter bom
relacionamento com o grupo.
O professor não é uma construção do seu ambiente escolar,
mas sim uma construção histórica de sua vida nos aspectos de relações sociais
familiares; crenças, valores, preferências etc, sua prática e saber é
resultante da apropriação que ele mesmo fez da prática e dos saberes históricos
sociais. Enfim a postura pedagógica do professor reflete o seu papel social
fruto de sua identidade que também é produto da relação indivíduo sociedade.
Portanto ser professor e ser aluno extrapola a relação de
ensinar e aprender os conteúdos de ensino, deve-se ter consciência de um
processo de protagonismo discente e o professor é um ator que não pode ser
“engolido pela escola”. Sempre desejei, desde a graduação, me apropriar de
ferramentas educacionais, porém a licenciatura sempre foi algo distante para
mim.
O contato com esta disciplina está retirando literalmente
dos meus olhos diversas vendas, que ainda insistem em estar por aqui e me
distanciam da verdade, do conhecimento crítico. Gostei muito da proposta de metodologias ativas, de refletir
e conhecer um pouco mais sobre o meio ou a maneira de como construir o processo
de aprendizagem. Neste processo considero que estou em construção, um exercício
de tolerância em um ambiente que ao mesmo tempo que deseja conhecimento e
promove o conhecimento, ecoa intolerância, desrespeito e tradicionalismo.
Confesso que este ambiente, o da sala, também é um grande
aprendizado, até aqui, não me ocorreu desistir como outros colegas, até
porque
sei o que desejo e quantos sonhos
ainda tenho por realizar mais a disciplina, mas infelizmente fatores externos e
diria até mesmo físicos e mentais, resultantes da jornada de trabalho
compromete, muitas vezes, um envolvimento mais intenso, embora o desejo e a
vontade
de aprender estejam
sempre ativos.
Referência:
VEIGA. I P A. Repensando a didática. Campinas 25ª Edição.
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